Geraldo Pedrosa de Araújo Dias nasceu na Paraíba em João Pessoa em 12/09/1935 foi o primogênito do médico José Vandregísilo e de D. Maria Eugenia. Seu gênio irriquieto fez com que seu pai o internasse no Colégio São José, em Nazaré da Mata, no interior do Pernambuco, ainda criança, preocupado com sua educação. Desde cedo, já manifestava seu desejo de ser cantor de rádio, participando dos festivais de canto do colégio onde estudava e chegando a apresentar-se no rádio, em um programa de calouros. ![]() Conheceu Carlos Lyra, que se tornou seu parceiro em músicas como "Quem Quiser Encontrar o Amor" e "Aruanda", gravadas por Lyra. Gravou seu primeiro LP, "Geraldo Vandré", em 1964, com as músicas "Fica Mal com Deus" e "Menino das Laranjas" (com Theo de Barros), entre outras. No ano seguinte, defende "Sonho de um Carnaval", de Chico Buarque, no I Festival de MPB da TV Excelsior. No ano seguinte, vence a segunda edição do mesmo festival com "Porta-Estandarte", sua composição em parceria com Fernando Lona, defendido por Tuca e Airto Moreira. Depois da vitória parte em turnê pelo Nordeste com um conjunto que veio a se chamar mais tarde Quarteto Novo, e contava com Hermeto Pascoal, Theo de Barros, Heraldo do Monte e Airto Moreira. Vandré tornou-se cada vez mais famoso no ambiente dos festivais. Sua música "Disparada", interpretada por Jair Rodrigues, empata em primeiro lugar com "A Banda" de Chico Buarque no Festival da TV Record de 1966. No ano de 1968 "Caminhando (Pra Não Dizer que Não Falei de Flores)" conquista o segundo lugar no festival da TV Globo, apesar de ser favorita do público, perdendo para "Sabiá" (Chico Buarque/ Tom Jobim). Com a promulgação do AI-5 e o acirramento da ditadura, foi exilado, e morou no Chile, França, Argélia, Alemanha, Áustria, Grécia e Bulgária. Nos 4 anos que ficou fora do Brasil, Vandré tornou-se uma espécie de "mito" da resistência à ditadura, por ter ficado sem fazer shows no Brasil desde 1968. Apresentou-se no Paraguai em 1982 e 1985, rompendo mais de uma década de silêncio. Mais tarde compôs "Fabiana" em homenagem à FAB (Força Aérea Brasileira). Nos anos 90 foram lançadas coletâneas com obras suas. |
Bem dentro, em meu coração
Mané pegou na viola
Lembrou Maria canção
Eu peço hoje a memória
Pro canto da salvação
Maria me de memória
Maria me de memória
Que eu não canto a nossa história
Se não tenho a permissão
E mais que ainda Maria
Se não tenho tua mão
Metida dentro no fundo
Guardada em meu coração
A vida vivida juntos
Maria dá permissão
Da glória para as saudades
Que eu mato hoje no chão
Pisando nas cordas tuas
Me da memória Maria
Maria meu coração
Me da memória Maria
Maria meu coração
E...que agora não me falte
Não me falte uma intenção
Maria que esta guardada
No fundo do coração
João decida de agora
Na palma da minha mão
Depois deixe que a saudade
Decida quem tem razão...
Que a mão espalmada em palmas
Na estrada do coração
Sempre chega na chegada
Igual que a imaginação
Maria me de memória
Depois...se puder perdão
Maria me de memória
Maria me de memória
Depois se puder perdão
Que eu não conto a tua história
Se não tenho agora não
Maria toda a memória
Que me deu teu coração
Você perdida na areia
Eu de amor na minha mão
Viola sempre do lado
Companheira na nação
Que será sempre primeira
E derradeira na canção
Maria me de memória
Meu coração
Que a tua glória
Pode ser a perdição
Do teu cantor que Maria
Hoje
Vai
Caminhando estes caminhos
Pensando na solução
Maria perdido agora
No curto sol da razão
Maria me de memória
Depois se puder perdão
DISPARADA
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo
Estava fora de lugar, eu vivo prá consertar.
Na boiada já fui boi, mas um dia me montei
Não por um motivo meu, ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse, porém por necessidade
Do dono de uma boiada, cujo vaqueiro morreu.
Boiadeiro muito tempo, laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente, pela vida segurei
Seguia como num sonho, e boiadeiro era um rei.
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando, as visões se clareando
As visões se clareando, até que um dia acordei
Então não pude seguir valente em lugar tenente
De dono de gado e gente, porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata, mas com gente é diferente.
Se você não concordar não posso me desculpar
Não canto prá enganar, vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado, vou cantar noutro lugar.
Na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém, que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse, por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu querer ir mais longe que eu
Mas o mundo foi rodando nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte num reino que não tem rei.
Na boiada já fui boi, boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém, que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse, por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu querer ir mais longe que eu.
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções,
Caminhando e cantado e seguindo a canção.
Quem sabe faz a hora não espera acontecer.(bis)
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão.
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
De morrer pela pátria, ou viver sem razão.
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando, cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não.
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo, ensinando uma nova lição.
Fonte do Texto: http://www.velhosamigos.com.br
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