"Eu sou uma cantora popular que canto as músicas do meu país. Tudo o que for autêntico, eu estou aí. Samba-canção, samba, modinha, valsa, não existe nada que eu não goste. Sou meio bobona com a Música Popular Brasileira, com os compositores. Gosto de tantos... É uma gente maravilhosa que sabe dizer música e letra ao mesmo tempo, de tal maneira que prende a gente a noite inteira, só cantando, só escutando."
Clara Nunes
|
| Clara nasceu em Caetanópolis, a 3 quilômetros de Paraopeba, oeste de Minas Gerais, onde viveu até os catorze anos. Filha do violeiro Mané Serrador, cantador de Folia de Reis, de quem herdou o gosto pela música e uma alegria imensa de viver. Era a caçula entre sete irmãos. Participou das aulas de catecismo na matriz, da Cruzada Eucarística, cantou ladainhas em latim, no coro da igreja e aprendeu a tecer fios. Clara mudou-se para Belo Horizonte em 1958, onde já moravam Joaquim e Vicentina, seus irmãos. Trabalhava como tecelã de dia, fazia o curso normal de noite e nos finais de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na igreja do bairro onde morava. Em 1960, cantando "Serenata de Adeus", de Vinícius de Moraes, venceu a etapa mineira do concurso A Voz de Ouro ABC, mas ficou em terceiro lugar na finalíssima realizada em São Paulo. Logo foi contratada pela Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. Também foi crooner de boates e escolhida, durante três anos seguidos, a melhor cantora de Minas Gerais. Clara foi a primeira cantora a ter um programa só seu - Clara Nunes Apresenta, com duração de 1 hora na TV Itacolomi. Chegou ao Rio em 1965 e, antes de aderir ao samba, cantou muito bolero. Percorria rádios, programas de auditório, clubes, escolas de samba e casas noturnas de subúrbios. Seu primeiro LP, A Voz Adorável de Clara Nunes, foi lançado, em 1966, pela Odeon - a única gravadora de sua carreira - e produzido por Adelzon Alves. Depois vieram mais dezesseis discos até 1982. De acordo com dados da gravadora, o LP Claridade, lançado em 1975, bateu o recorde vendendo 401 mil cópias.Clara gravou "Alvorecer" de D.Ivone Lara, "O Mar Serenou" de Candeia, "Quando Eu Vim de Minas" de Xangô da Mangueira, "Alvorada no Morro" de Cartola. Mas não parou por aí; cantou também outros gêneros: "É Doce Morrer no Mar" de Caymmi, "Feira de Mangaio" de Glorinha Gadelha e Sivuca, "Coisa da Antiga" e "Candongueiro" de Wilson Moreira e Ney Lopes, "Morena de Angola", grande sucesso de Chico Buarque, além de "Nação" de João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio, seu canto derradeiro. Clara também compunha músicas; sua estréia foi em 1977, com "A Flor da Pele", ao lado de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, que fez parte do Lp "As Forças da Natureza". Ela pesquisou a música popular brasileira, os ritmos e o folclore; foi à África, aprendeu danças e tradições afro-brasileiras; descobriu o samba forte através da Portela e se converteu ao Candomblé.Fez sucesso na América Latina, Espanha, Portugal, Israel, Alemanha, Japão, mas era com Angola que ela se identificava. Para ela, os três maiores estadistas do Terceiro Mundo eram Agostinho Neto- poeta e líder revolucionário angolano, Fidel Castro e Juscelino Kubitschek. Clara nunca escondeu sua origem simples, sua coragem para lutar e enfrentar a vida, sua segurança e clareza de idéias.Clara Nunes morreu há 20 anos, mas sua alegria e sua voz continuam gravadas na memória dos brasileiros. Transcrito do site: www.geocities.com/SouthBeach/Bay/2796 |
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
Será que a morena cochila escutando o cochicho do chocalho?
Será que desperta gingando e já vai chocalhando pro trabalho?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
Será que ela tá na cozinha guisando a galinha cabidela?
Será que esqueceu da galinha e ficou batucando na panela?
Será que no meio da mata, na moita, a morena ainda chocalha?
Será que ela não fica afoita pra dançar na chama da batalha?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Passando pelo regimento ela faz requebrar a sentinela Ui, ui, ui, ui,
Ui, ui, ui, ui.
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
Será que quando vai pra cama a morena se esquece dos chocalhos?
Será que namora fazendo cochicho com seus penduricalhos?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
Será que ela tá caprichando no peixe que eu trouxe de Benguela?
Será que tá no remelexo e abandonou meu peixe na tijela?
Será que quando fica choca põe de quarentena o seu chocalho?
Será que depois ela bota a canela no nicho do pirralho?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Eu acho que deixei um cacho do meu coração na catundela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Morena bichinha danada, minha camarada do Emepela
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?
Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela.
Ui, ui, ui, ui,
Ui, ui, ui, ui.
Portela eu nunca vi coisa mais bela
Quando ela pisa a passarela e vai entrando na avenida
Parece a maravilha de aquarela que surgiu
O manto azul da padroeira do Brasil
Nossa Senhora Aparecida
Que vai se arrastando e o povo na rua cantando
É feito uma reza, um ritual
É a procissão do samba abençoando a
Festa Do Divino, carnaval
Portela é a deusa do samba e o passado revela
E tem a Velha Guarda como sentinela
E é por isso que eu ouço essa voz que me chama
Portela sobre a tua bandeira este divino manto
Tua águia altaneira, espírito santo no templo do samba
As pastoras e os pastores
Vêm chegando da cidade, da favela
Para defender as tuas cores
Como fiéis na santa missa da capela
Salve o samba, salve a santa, salve ela
Salve o manto azul e branco da Portela
Desfilando triunfal sobre o altar do carnaval.
Fumo de rolo, arreio e cangalha
Eu tenho tudo pra vender, quem quer comprar?
Bolo de milho, broa e cocada
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?
Pé de moleque, alecrim, canela
Moleque sai daqui me deixa trabalhar
E Zé saiu correndo pra feira dos pássaros
E foi pássaro voando em todo lugar
Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá.
Tinha uma vendinha no canto da rua
Onde o mangaieiro ia se animar
Tomar uma bicada com lambu assado
E olhar pra Maria do Joá.
Cabresto de cavalo e rabichola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?
Farinha rapadura e graviola
Eu tenho pra vender, quem quer comprar?
Pavio de cadeeiro, panela de barro
Menino vou me embora
Tenho que voltar
Xaxar o meu roçado
Que nem boi de carro
Alpargata de arrasto não quer me levar
Porque tem um Sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de Purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar
Mas é que tem um Sanfoneiro no canto da rua
Fazendo floreio pra gente dançar
Tem o Zefa de Purcina fazendo renda
E o ronco do fole sem parar
Fera de Mangaio - Vídeo

















Chegou ao Rio em 1965 e, antes de aderir ao samba, cantou muito bolero. Percorria rádios, programas de auditório, clubes, escolas de samba e casas noturnas de subúrbios. Seu primeiro LP, A Voz Adorável de Clara Nunes, foi lançado, em 1966, pela Odeon - a única gravadora de sua carreira - e produzido por Adelzon Alves. Depois vieram mais dezesseis discos até 1982. De acordo com dados da gravadora, o LP Claridade, lançado em 1975, bateu o recorde vendendo 401 mil cópias.
Clara também compunha músicas; sua estréia foi em 1977, com "A Flor da Pele", ao lado de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, que fez parte do Lp "As Forças da Natureza". Ela pesquisou a música popular brasileira, os ritmos e o folclore; foi à África, aprendeu danças e tradições afro-brasileiras; descobriu o samba forte através da Portela e se converteu ao Candomblé.
ela se identificava. Para ela, os três maiores estadistas do Terceiro Mundo eram Agostinho Neto- poeta e líder revolucionário angolano, Fidel Castro e Juscelino Kubitschek. Clara nunca escondeu sua origem simples, sua coragem para lutar e enfrentar a vida, sua segurança e clareza de idéias.















































0 comentários:
Postar um comentário